Carta aos Padrinhos (Fevereiro, 2014)

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Leia aqui a Carta de Agradecimento

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Leia aqui a Carta aos Padrinhos

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Cara Lígia Pires,
Um grande amigo foi recentemente para Maputo trabalhar e lembrei-me de lhe pedir para visitar a vossa Casa Madre Maria Clara e se possível, a minha afilhada. Junto anexo na integra o mail que ele me enviou e as fotos, pois ele é elucidativo do trabalho que todas/os têm feito.
Materialmente e sempre que puder vou aproveitar a sua presença por aquelas paragens para ir deixando à minha afilhada aquilo que me for possível, se necessitar de algo mais do nosso lado que possa ser útil diga-nos sff.
Cumprimentos,
Luís Lourenço


Olá Luis

Finalmente passei hoje de manhã na Casa da Criança Madre Maria Clara.

Fiquei impressionado, foi dos sítios mais limpos e organizados que vi até agora em Maputo. Fui muito bem recebido pela chefa, a Irmã Elisa Alexandre que me levou até á casa das miúdas (aquilo é grande, funciona paredes meias com uma escola e outra coisa que nem percebi bem o que era), chamou a irmã Maria, responsável da casa das miúdas, e que então lá chamou a tua afilhada, que podes ver na foto. Uma miúda meio envergonhada, que fez 13 anos no dia 13 deste mês e com quem falei um bocado.

Depois as irmãs convidaram-me a entrar, numa salinha com uns sofás e uns 'naperons' tudo bem arrumado e asseado, deixei-lhes 1000 meticais (25 euros), vieram acompanhar-me á porta e ainda quiseram mostrar-me a igreja, mas estava fechada (a missa é só amanhã ás 7 da manhã). Penso que o teu dinheiro tem sido bem aplicado, pelo que vi elas merecem.

As fotos dizem o resto.

Abraço

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Trash Land

Documentary Project(Photography and Post-productions) By: José Ferreira

Text Related By José Ferreira, Written By: Nuno Silva

A inércia grotesca consciente/inconsciente do humano enquanto humano remete para cenários torpes de qualquer 3º mundo a distâncias nada menos que astronómicas. Distâncias essas, que em pleno século XXI se tornam cenários como os que testemunhei na lixeira de Huléne, animações demasiado pictóricas de um panorama demasiado desactualizado. Cenários onde a vida se exila de sentidos, onde questiono a cor da minha fé e me alheio do real... um real tão marcante, quanto presente.
A sul de Moçambique, bem no coração de Maputo e a escassos metros do aeroporto da Capital, encontra-se a lixeira de Huléne, mãe de muitas histórias, casa de muitos renegados e sustento de muitos mais. É difícil lograr qualquer tipo de juízo quando a incredibilidade amotina qualquer estado de alma ou percepção intelectual. Os limites da lixeira ultrapassam a sensibilidade comum - e até a perspicuidade do olhar - e nem os muros que a aprisionam, conseguem dissimular um cenário nada menos que dantesco - cortados a sul por uma entrada improvisada, um buraco no maciço muro de cimento, concreto e bruto.
Ali confluem todo um tipo de necessidades e propósitos. Movimentações constantes de pessoas e camiões compõem um complexo jogo de cores e sensações que nos despertam para a proximidade do precário e do insensível. São muitas as personagens, mas muito poucas as diferenças.
Os “catadores de lixo” são os que mais agitam os horizontes. São peões de um dos poucos negócios, e talvez o mais rentável, que ainda consegue florir entre a mais profunda e desesperante imundice – a reciclagem. Furam freneticamente os corredores de lixo em busca da utilidade. Porque a utilidade ali, e para eles, pode mais tarde valer um pouco mais que pão e leite.
Depois, os outros. Os outros que se assemelham por excesso a muitas caricaturas do pobre e do mendigo que muitas vezes se camuflam entre piadas de genéricos ou bandas desenhadas generalistas do mundo civilizado. Os outros dos olhos sem vida. Os outros do sorriso sem cor e do rosto vazio de expressão. Os outros que tornam esta experiência muito mais humana.
As fotografias fluem numa cadência desproporcionada. A consciência do que vejo inquieta drasticamente a minha percepção das coisas. Nunca o nada fez tanto sentido, e o valor material, tão pouco. Ali o belo torna-se noutro belo, o digno noutro digno. A importância nunca teve na cor da camisa ou sequer no tamanho do sapato. E no meio de tão pouco, rodeado de tamanha e angustiante putrefacção, constatações simples como a que entre o interesse e a curiosidade me dou conta, nunca antes foram tão perturbantes – “todos os dias comemos carne”. A inquietação há muito que me havia tomado por completo, mas a surpresa, essa, é inoportuna, desperta-me a todo o momento. Ali, quando o fruto se torna o resto, o resto torna-se o fruto.
Não é fácil conhecer a lixeira. Não é fácil crer no que é apenas a realidade. Conhecê-la, não é mais que acordar para as diferentes realidades do homem e do mundo. E o maior erro é pensar que ali não há espaço para a vergonha. Uma vergonha muito mais legítima que qualquer outra. Uma vergonha muito mais tocante e bruta de sentido. Porque para muitos estar ali não é nem foi uma opção. Porque muitos deles, já viram para lá dos muros.
São estas circunstâncias, num país em senda de progresso e desenvolvimento através do investimento externo, que tornam a lixeira de Huléne um fenómeno cada vez mais desactualizado até para o contexto de crise e delicadeza económica no qual se insere Moçambique.
Esta, não é a cor da minha fé, é a inconsciência da verdade que teimosamente desfigura a sociedade civil e a condição do homem enquanto ser humano.

http://www.behance.net/gallery/Trash-Land/1820899

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Olá a todos, de novo a dar notícias da Aldeia da Paz. O trabalho é intenso mas vamos todas bem graças a Deus.
Por aqui andamos muito preocupados com a estabilidade politica e economica do país, mas temos de manter a esperança elevada que um dia tudo venha andar. O nosso trabalho continua apesar de todas as dificuldades e incompreensões do governo por falta de documentos oficias do funcionamento do nosso orfanato, falta do registo de todos os trabalhadores na segurança social, falta de fichas, histórias, dados das primeiras crianças que começaram a viver neste orfanato. Nunca era preciso nada disto e agora é tudo de repente!
Mas tudo isto estamos a interpretar como prova que vem de Deus que está a nos fazer ver que tudo que é o bem exige de nós um sacrificio e generosidade total do coração, de "fazer o bem onde há o bem a fazer".

Este orfanato depende do vosso apoio espiritual, humano e economico a favor das crianças pobres. Finalmente este mes é que acabamos de pagar a indemnização dos 10 trabalhadores que ofereciam o seu esforço e trabalho as crianças da Aldeia da Paz. Muitos padrinhos e madrinhas e até as Irmãs ficamos surpreendidos com essa situção do governo, mas não vamos admirar, pois em Moçambique não havia leis, mas agora já há leis a todos os níveis. Tive que ir ao tribunal responder alguns casos de algumas crianças que foram registadas com os pais incognitos, então nesse caso tive que procurar os familiares os tios e os avós para nos esclarecer os dados das crianças, porque dizem que nenhuma criança deve ficar sem dados dos falecidos pais. Felizmente já conseguimos alguns dados das crianças com ajuda da Procuradoria de Menores na província da Zambezia. Peço que me compreendam que isso faz-me perder muito tempo fora do orfanato, porque as distancias de uma província para outra ou de um distrito para outro são longas e temos que procurar esses dados porque algumas crianças nossas foram registadas noutros distritos ou noutras províncias.
Este ano escolar correu normalmente e estamos a espera dos resultados escolares das meninas. Aqui já iniciaram as férias grandes para aquelas meninas que não tem exames, aquelas que tem exames começam no dia 18 deste mes.
Algumas já começaram a ir visitar os seus familiares, os seus avos, seus tios etc. Neste domingo foi uma grande festa de encerramento do ano com uma celebração solene dançada, cantada e tocada pelas nossas meninas que são do grupo coral da Sé Catedral. Logo que puder envio as fotografias.
De 18 de Novembro a 5 de Dezembro estarei de férias e de 7 a 18 de Dezembro vou para Maputo para uma formação e reunião de todas as Irmãs responsáveis dos orfanatos e das comunidades. É por isso que já estou a dar todas as notícias.
Peço desculpas a todos padrinhos e madrinhas e peço que neste espaço de 10 de Novembro a 18 de dezembro não mandem encomendas para suas afilhadas porque ninguem ha-de ir para os correios com frequencia. Logo que eu estiver em Quelimane darei um sinal para continuarem a mandar o que quiserem. Isto para que não haja problemas de desvios dessas encomendas para as vosssas queridas afilhadas.

Beijinhos e o nosso muito obrigada por tudo que fazem por estas meninas. Que Deus que é pai e mãe vos recompense e vos conceda muitas graças e muitas bençãos nas vossas vidas.
E porque talvez não nos falemos antes, termino a desejar-vos muita saúde, muita alegria e votos de um santo natal e prospero ano novo 2011.

Irmã Elisa Alexandre

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Ola Ligia mais uma vez para dar as noticias da Aldeia da Paz.
O dia 16 de Junho dia da criança africana fizemos o possível que as crianças passassem bem, com algumas prendas e jogos, danças etc., agora com a agravacao das chuvas há muita cólera aqui em Quelimane. Reze para que não apanhe as nossas crianças, principalmente nas escolas, nos hospitais etc. Estamos a viver com muita dificuldade pois como já sabes dos trabalhadores, das cisternas que as cheias sujaram, alimentação e material escolar para segundo semestre. Daqui a 20 dias vão entrar de ferias de 15 dias, espero com muita confiança as mensalidades pois vem as irmãs no dia 22 de Julho que estava na formação ai em Portugal. Outro problema é do carro que já tem problema de muitas pecas, principalmente as molas, as estradas estão péssimas, não tem por onde escolher, e em segundo são os buracos grandes e cheios de agua. Desculpe por tantos pedidos mas quem vive no terreno sabe pedir sem ter vergonha.
Envio em anexo algumas fotografias daqui do nosso bairro que bem conheces, com as cheias.
Um grande abraço de todas as crianças e todas as irmãs da Aldeia da Paz.
Irmã Elisa Alexandre

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Ola Ligia,
Só para dizer dia 1 de junho, dia internacional da criança e dia 16 de junho, dia da criança Africana foram grandes festas (fotos na Galeria de fotos da Aldeia da Paz para as madrinhas e padrinhos verem), apesar das grandes dificuldades que estamos a passar. São as nossas crianças e como sabes damos-lhe o melhor que temos nestes dias muito especiais para elas. Muito obrigada a todos que permitiram estas festas serem possiveis e deixar as nossas meninas tão felizes que nem dá para explicar por palavras!
Agora o Senhor nos deu muita chuva desde o dia 16 a 18, cheias no nosso bairro e na cidade, muita agua nas estradas, o nosso carro como é baixo não saía ate agora e todas as meninas principalmente as pequeninas perderam as aulas, porque não podiam sair para fora, por causa de muita água aqui na Aldeia da Paz. Mando algumas fotografias só tiradas hoje, assim ainda parece que vai chover reza por nos para que não aconteça o pior, porque muitas crianças por causa da humidade estão constipadas e gripadas. Agora grande preocupação das cisternas da agua potável porque entraram águas sujas, pedimos alguns homens para limpar e tirar toda a agua, as fossas e os drenos porque está a causar mau cheiro nos dormitórios das crianças e é agua perigosa de beber. Por hoje é tudo. Estamos muito agradecidas a todos os que nos ajudam.
Um grande abraço de todas as meninas e as Irmãs da Aldeia da Paz.
Irmã Elisa Alexandre

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Oi Lígia, como estás?
Desculpa, não te respondi no fim de semana...
Hoje a minha afilhada Hermínia faz anos :)
Olha, quando escolhi a Camila, fiquei literalmente encantada com a menina... depois com a confusão que houve, da avó a levar pa longe, e pensei que com a ajuda da venda de algumas coisas no blog, que conseguiria manter duas crianças. Fiquei sempre com a Camila na cabeça e como te tinha dito, se ela entretanto regressasse, que a acompanharia.
Verdade seja dita que pensei que demorasse um pouco e que nessa altura já estivesse a ganhar mais uns trocos. Mas foi mais rápido que pensava! :) fico muito contente por saber que ela está bem novamente com as Irmãs e por isso, tal como tinha decidido de início, quero ajudá-la no que puder.
É óbvio que ninguém sabe o amanhã... e fiquei muito triste por saber que algumas meninas ficaram sem padrinhos. A única coisa que posso dizer, é que me comprometo a dar o que me for possível a estas princesas. Não tenho muito, mas farei um esforço para conseguir enviar esse dinheiro, porque se pensarmos bem, não é assim tanto... e faz a diferença na vida delas... sacrifícios todos temos que fazer e acredito que este vale mesmo a pena...
 Se por algum azar da vida não conseguir suportar esta despesa, pelo menos sei que enquanto pude, ajudei... e se deixar de conseguir dar esse dinheiro, prometo que nunca as deixarei, mesmo que tenham outros padrinhos, se não se importarem, materei o contacto com elas. é porque o que acho assustador para as meninas que ficam sem padrinhos, não é a falta de presentes, mas sim o medo de ficarem novamente sem aquela família que de uma certa forma, foi delas... posso estar enganada, mas penso que é aí que reside a aflição...
Amor para dar, eu tenho, com todo o coração, dinheiro para ajudar, também espero ter sempre.
 Beijinho e obrigada!
 Ana Pranto Quintela

 

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Carta Páscoa Instituto 2010

 

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Carta Páscoa 2010 - Casa da Criança

 

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Carta de Páscoa 2010 Aldeia da Paz

 

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Carta de Natal 2009 da Irmã Elisa Alexandre

 

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Mensagem da Madre Provincial de Moçambique

Muito Querida Lígia!
Espero que esteja tudo bem contigo a todos os níveis.
Recebi a tua mensagem e agradeço. Agradeço principalmente a partilha que fizeste do volume de ajudas que temos recebido, desde o ano passado 2008 a té ao presente. Eu não fazia a mínima ideia. Muitas graças temos de dar a Deus por tanta generosidade vossa e dos padrinhos. Por isso, aumenta em nós a responsabilidade de vos sermos muito gratas e de sermos coerentes na administração e encaminhamento das ajudas às crianças desfavorecidas que são as destinatárias das ajudas e da nossa missão de bem fazer, como Franciscanas Hospitaleiras. Que Deus vos recompense por tanta generosidade para connosco. Termino fazendo votos de um Advento cheio de Esperança e Confiança.
Um beijinho
Ir. Ana Cecília

 

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Leia aqui a Carta da Irmã Admira às Madrinhas e Padrinhos

 

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Olá mana Lígia,
Quero mais uma vez dar-te noticias da Aldeia da Paz: as festas do dia 1 e dia 16, dia da criança africana correram muito bem, graças a Deus.
As crianças brincaram alegres e jogaram muitos jogos e brincadeiras.
Andamos sempre com o problema de computador e correio electrónico, muitos dizem que já esta ultrapassado por ser velho, precisa de novo computador, mas agora com as despesas da Aidinha na Universidade não e fácil comprar um novo computador.
Dia 20 a 27 estarei fora de Quelimane só posso responder quando regressar, temos visita da Superior Provincial Irmã Olinda.
Muitos beijinhos e saudades.
Irmã Elisa Alexandre

 

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Leia aqui a Carta de Páscoa de Quelimane

 

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Leia aqui a Carta de Natal de Quelimane

 

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Leia aqui a Saudação de Natal da Ir. Isaura às Madrinhas/Padrinhos

 

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Carta da Irmã Isaura (Superiora da Casa da Criança)

 

“Estamos muito felizes pois neste momento temos várias meninas a estudar em anos mais avançados:


8 na universidade
16 no curso de professorado que tem a previsão de terminar no fim de 2009
10 vão entrar neste mesmo curso este ano que também vai terminar no ano 2009
10 a fazer o curso médio de contabilidade.


Esses são os frutos da sementeira e do trabalho que nós e os padrinhos e madrinhas temos vindo a fazer pelo bem das nossas meninas”.
Irmã Isaura (25 Agosto de 2008)

 

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QUEM É A MADRE MARIA CLARA

  

A Madre Maria Clara nasceu em numa manhã do dia 15 de Junho de 1843, no Palácio da Quinta do Bosque, perto de Lisboa, na Amadora.

Quando a Madre Maria Clara nasceu, no dia do seu baptismo (2 de Setembro de 1843), os seus pais deram o nome de Libânia do Carmo Galvão Mexia de Moura Telles e Albuquerque.

Tem raízes de Santos nos seus antepassados e também de amor a Igreja.

Cresceu, certamente, entre briquedos e birras, entre mimos e travessuras, com os seus irmãos. Os seus primeiros anos conheceram o doce ambiente de uma família feliz, que o convívio unido e são entre seus pais e irmãos – Matilde e Carlos nasceram depois – lhe faziam desfrutar o gosto imenso de viver.

Muito cedo conheceu a dor e a tristeza. Implacável, a epidemia que grassava em Lisboa, penetra na Quinta do Bosque e arrebata-lhe a ternura do aconchego materno.

Prende-se o coração a seu pai. Guiá-la-á no crescer da adolescência e lhe falará do cultivo de bens superiores.

Conhecendo-a vibrante e entusiasta, ensinar-lhe-á a reflexão e a prudência, e nela despertará a grandeza dos ideais.

Sabendo a sensível e compadecida, abrirá caminhos para a doação, nas visitas aos pobres e na distribuição da esmola.

Nova epidemia, mais uma vez, assola o País. Era o ano de 1857. A febre amarela dizima famílias inteiras. O luto e a orfandade invadem palácios e choupanas. Também Nuno Thomaz e outros parentes sucumbem à enfermidade.

Agora, sem pai, banhada na amargura e na solidão, Libânia silencia a própria dor. Reveste-se de força, muita força. Tem de  ajudar seus irmãos a resistir e a confiar.

Com a morte do pai, Libânia entra no pensionato das Filhas de Caridade de S. Vicente de Paulo. A competência destas Mestras hão-de aprimorar a formação de Libânia e suas irmãs.

A Maçonaria não perdia o tempo em perseguir as Religiosas e ficando de novo a Libânia sem as suas mestras. Assim, a Emília Carolina sua irmã mais velha, seguiu mais tarde o caminho do matrimónio e a Matilde, a mais nova, professora, em 1877, no Mosteiro da Visitação.

Libânia, viva, dinâmica, temperamental, separa-se da irmã, num desfazer doloroso dos mais puros afectos familiares.

Aceita o convite dos Marqueses de velada, quase família por amizade. De espírito independente, pede estatuto de emancipação: “para bem reger a sua pessoa e bens”, expressa o pedido. E o Juiz dos órfãos dar-lhe-á deferimento.

Desde o dia 23 de Julho de 1862, Libânia goza, plenamente, a mais livre autonomia. Vivendo na casa de Marqueses, é testemunha da ausência de harmonnia entre o casal. Sofre com o sofrimento da Marquesa, sua amiga e confidente. Ouve...  interioriza... reza.

È a hora de Deus. Libânia confia os seus segredos e projectos a P. Beirão.

Tem 26 anos, deixa tudo o que possui. Sabe que outra missão lhe é reservada. Então... despoja-se dos luxuosos vestidos e toma o hábito azul de Capuchinha. Troca o seu nome de lustre, nobilitado por brasões e virtude. Outro mais significativo quer adoptar: Irmã Maria Clara do Menino Jesus.

A Irmã Maria Clara de Menino Jesus, acolhe ser escrava de um Senhor de quem se enamora por sua Bondade e Misericórdia, que aponta os caminhos da salvação, passa fazendo o bem e se identifica com todos os necessitados. Deixa-se mover pelos anseios incontidos do seu coração, esse desejo grande de ser luz e sal, conforto e amparo, benefício e esperança... de quanto as a sorte maltratou.

A Irmã Maria Clara de Menino Jesus, apresenta-se ao sonho do P. Beirão, fundar uma Congregação. Assim sendo, segue para França com mais três companheiras. Entram no Convento de Nossa Senhora das Sete Dores, das Irmãs Franciscanas de Calais, irão noviciar, aprendendo como se vive a Vida Religiosa.

A Irmã Maria Clara de Menino Jesus, sobressai pela observância rigorosa de quanto era prescrito e aconselhado. Provou a sua virtude e maturidade.

No dia 1 de Maio de 1871 regressa a Lisboa, já era professa.

No dia 3 de Maio de 1871 o P. Beirão lê a carta de Obediência. Declara  Superiora e mestra  de noviças.

No dia 27 de Março de 1876 a Santa Sé lhe concede legitimidade, por decreto de Pio IX, nomeia Superiora Geral da Congregação, daí as Irmãs a consideram como sua Fundadora e a tratá-la pelo carinhoso nome de Mãe.

Lutando, embora, com dificuldades enormes, a Mãe Clara não afrouxa. Vai respondendo aos apelos sucessivos para acudir a quem suplica ajuda. E, porque o realizar das Obras de Misericórdia dependerá de todas as forças das suas Irmãs, desdobra-se em zelo e atenção para com elas.

A fé, luz e fermento, é o espírito de luta sem abatimento, é a serenidade e a força de resistir, é a notável grandeza moral da Mãe Clara que a farão erguer alto, sinal e modelo de tantas e tantas irmãs.

Os anos foram passando e esta Congregação foi crescendo. Assim  a Mãe Clara, foi enviando as suas Irmãs para os vário pontos de Portugal, para Índia e Angola.

A caridade da Irmã Maria Clara de Menino Jesus, não conhece fronteiras. Nos hospitais, vai ao encontro dos doentes. Semeia palavras de confronto, interessa-se por cada um. A Mãe Clara foi ensinando as suas filhas, à maneira de Francisco, a serem humildes,  pobres e a Fazer O Bem Onde Houver O Bem A Fazer.

Quando a Mãe dos pobres, como era chamada, via crianças no desprezo e abandonadas, dizia: “Quem me dera poder arranjar uma casa muito grande para poder recolher todas estas criancinhas que vejo ao abandono por estas ruas! Quem me dera poder eu mesma ensiná-las e sustentá-las”.(crónica da CONFHIC)

A educação também preocupa esta “Mãe dos pobres”. Organiza classes, estabelece programas, estimula a aprendizagem, incentiva o estudo. Mais tarde, dizia a Mãe Clara: com honestidade, todas as crianças poderão, com facilidade e  com dignidade, ganhar a sua vida.

Com o crescimento desta Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição e com o coração sensível de todas as filhas da Mãe Clara, chegaram até Moçambique. Estando hoje nos quatros continentes, concretamente em: Portugal, Espanha, Itália, Brasil, Califórnia, México, Índia, Filipinas, Angola, S. Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, África de Sul e Moçambique.

Neste ponto do belo País de Moçambique, Zambézia – Gurué, as filhas da Mãe Clara fizeram-se presente tentando responder às necessidades deste povo.

 

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Revista de Moçambique (Em formato PDF)

 

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